"O fotógrafo era visto como um observador agudo e isento - um
escrivão, não um poeta. Mas, como as pessoas logo descobriram que ninguém tira
a mesma foto da mesma coisa, a suposição de que as câmeras propiciam uma imagem
impessoal, objetiva, rendeu-se ao fato de que as fotos são indícios não só do
que existe mas daquilo que um indivíduo vê; não apenas um registo mas uma
avaliação de mundo." (Susan Sontag)
Ensaiamos promover uma exposição fotográfica como a temática sobre a Copa do Mundo, na Escola Municipal Tempo Integral, em Umuarama. Já foram convocados onze estudantes da quinta série. O grupo de alunos cumprirá a tarefa registrar o cotidiano de suas vidas durante o transcorrer do mundial . As "melhores" onze imagens de cada aluno serão selecionadas em conjunto e posteriormente expostas nos corredores da escola.
O fotojornalismo moderno sempre
esteve presente no grande evento futebolístico do planeta. Seja dentro ou fora
de campo, milhares de imagens sobre a competição tem o papel de contar
objetivamente uma história para inúmeros leitores e internautas de todas as
partes do globo. Entretanto, a
elaboração artesanal de uma imagem depende fundamentalmente da subjetividade de
cada fotógrafo. É ponto pacífico que as
agências fotográficas documentam e informam sobre o andamento da copa na mesma
medida em que cada repórter fotográfico depende de seus valores artísticos/culturais para a formatação de um
material imagético essencialmente particular. Nesse sentido, a mistura de arte e documento resulta na imagem única. Ela
pode ser absorvida por infinitos receptores ao longo de várias gerações, mas
sua criação no que tange a abra de arte pertence apenas ao fotógrafo/artista. Protanto, cada fotógrafo registra
a sua copa. O seu recorte da história.
Em Umuarama o campeonato mundial de seleções mexe com o imaginário
coletivo local. A rotina da cidade, como
qualquer outra do mundo, sofre mudanças nos jogos da seleção. A mídia local, por sua vez, aproveita a
consequencia do fato para alimentar suas pautas diárias. Em cada reunião de
amigos a fotografia digital certifica a
alegria ou a tristesa do momento passado a exaustão nas redes socias. Neste
aspecto, a criação de um grupo estudantes
fotógrafos se faz necessário para repensar filosoficamente a função da
fotografia como arte/documento; haja vista que será a segunda copa realziada em
solo nacional. Pensar o ato fotográfico como um instrumento artístico favorece
a liberdade de expressão dos estudantes. A exposição da material artístico produzido
também estimula o fazer fotográfico na escola como uma importante ferramenta
transformadora de realidades.
Ensaiamos:
Promover a interdiscplinariedade entre as disciplinas de educação
artística e história;
Valorizar o trabalho realizado pelos estudantes através da exposição na
escola;Promover a liberdade de expressão dos alunos, através da fotografia;
Contribuir para a o acervo histórico da escola;
Questionar o uso banal da fotografia digital nas redes sociais;
Abril de 2014- Sugestão do projeto para a diretora Deusi Costa/ Seleção
do grupo, pelo professor(a) de educação artística;
Maio de 2014- Período de curso básico de fotografia documental/Encontro
semanal do grupo de alunos com o fotógrafo Thiago Casoni;Junho de 2014- Reunião na primeira semana/ Entrega das câmeras/Início da captação de imagens pelo grupo;
Julho de 2014- Final de captação de imagens pelo grupo/ reunião na última semana
Agosto de 2014- Revelação do material produzido.
Setembro de 2014- Reunião para a seleção das fotos /formatação da exposição
Outubro de 2014 - Mostra fotográfica.
"A fotografia tem um distino duplo...
Ela é a filha do mundo do aparente, do instante vivido, e como tal guardará
sempre do documento histórico ou científico sobre ele; mas ela é também filha
do retângulo, um produto das belas-artes, o qual requer um preenchimento
agradável ou harmonioso do espaço com sinais em preto e branco ou em cores.
Neste sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e
nunca suscetível de escapar desse fato".
(Boris Kossoy)